terça-feira, 10 de setembro de 2013

Papa Francisco diz que apenas a Igreja é capaz de interpretar escrituras

Papa Francisco diz que apenas a Igreja é capaz de interpretar escrituras

Declaração foi dada no seu 1° discurso ante o Comitê da Bíblia do Vaticano.
Para o Papa, 'há uma unidade indissolúvel entre Escritura e Tradição'.

Da France Presse

O Papa Francisco expressou nesta sexta-feira (12) seu compromisso com o pleno respeito à tradição da Igreja, a única habilitada a interpretar corretamente as escrituras, e rejeitou "a interpretação subjetiva", em seu primeiro discurso ante o Comitê da Bíblia do Vaticano.
Nesta intervenção a "especialistas" - e não apenas para fiéis, como a maioria de seus discursos do último mês - o Papa jesuíta fez uma longa referência a um texto do Concílio Vaticano II ( 1962-1965), a Constituição 'Dei Verbum' ('A Palavra de Deus'), sobre o papel da Igreja.
Até o momento, ao contrário de Bento XVI, o novo Papa pouco tinha mencionado o Concílio, ao qual ele é o primeiro pontífice das últimas décadas a não ter participado. Uma omissão surpreendente.
"O Concílio lembrou com grande clareza: tudo o que está relacionado com a maneira de interpretar as Escrituras está, em última análise, sujeito ao julgamento da Igreja, que realiza o seu mandato divino e o ministério de preservar e interpretar a palavra de Deus".
Para o Papa, "há uma unidade indissolúvel entre Escritura e Tradição", que são "conjuntas e se comunicam entre elas", "formando, de certa maneira, uma única coisa", declarou.
"A Sagrada Tradição transmite a Palavra de Deus plenamente (....) Desta forma, a Igreja tira a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas não só nas Sagradas Escrituras. Uma como a outra devem ser aceitas e veneradas com sentimentos semelhantes de piedade e respeito", disse em um discurso que revela um Papa muito respeitoso da autoridade da Igreja.
Como resultado, "a interpretação das escrituras não pode ser apenas um esforço intelectual individual, mas deve ser sempre confrontado, inserido e autenticado pela tradição viva da Igreja", argumentou.
Esta declaração, na linha de Bento XVI, não deve agradar os protestantes ou católicos contestatórios, como o suíço Hans Küng, que reivindicam o direito de interpretar livremente as escrituras.
Para ser claro, o Papa denunciou "a insuficiência de qualquer interpretação sugestiva, ou simplesmente limitada a uma análise incapaz de acolher o significado global que tem sido construído há séculos pela tradição de todo o povo de Deus".
                                                      

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Papa convoca dia de oração e penitência pela Síria.

Papa convoca dia de oração e penitência pela Síria.

“Decidi convocar toda a Igreja, no dia 7 de setembro, vigília da Natividade de Maria, Rainha da Paz, para um dia de oração e jejum pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro. Convido a unir-se a esta iniciativa, do modo que considerarem mais oportuno, os irmãos cristãos não-católicos, os fiéis de outras religiões e todos os homens de boa vontade”.
“Aqui, de 19h até meia-noite, vamos nos reunir em oração e em penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e ouvir palavras de esperança e de paz!”.


.......Audiências e Angelus > 2013-09-01 14:02:01 

   "Guerra chama guerra! A humanidade grita pela paz". Papa convoca dia de oração e jejum pela Síria 


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa convidou este domingo os fiéis de todas as Igrejas e religiões, as pessoas que não crêem e todos os homens e mulheres de boa vontade a praticarem o jejum e a oração no dia 7 de setembro, em favor da Síria. Visivelmente preocupado, Francisco dedicou inteiramente seu encontro de domingo à situação no país médio-oriental, onde a guerra civil já matou mais de 100 mil pessoas em três anos. Foi a primeira vez que o Papa não fez alguma menção à liturgia do dia antes de rezar a oração mariana do Angelus no Vaticano.

A multidão que lotava a Praça São Pedro ouviu as palavras do Pontífice com atenção e aplaudiu a decisão de Francisco de promover o “Dia de oração e jejum pela Síria”:

Decidi convocar toda a Igreja, no dia 7 de setembro, vigília da Natividade de Maria, Rainha da Paz, para um dia de oração e jejum pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro. Convido a unir-se a esta iniciativa, do modo que considerarem mais oportuno, os irmãos cristãos não-católicos, os fiéis de outras religiões e todos os homens de boa vontade”.

Logo ao chegar ao balcão, depois do tradicional “Bom dia” dirigido ao público, Francisco disse que queria interpretar o grito que “se eleva de todos os cantos e povos da terra, do coração de cada um e da única família, que é a humanidade: o grito da paz”.

“Nunca mais a guerra! A paz é um dom precioso demais; deve ser promovido e tutelado”.

Evocando as “terríveis imagens” vistas nos últimos dias na Síria, o Papa disse estar angustiado pelos “dramáticos eventos que ainda podem acontecer” e fez um apelo por negociações e contra o uso de armas, condenando a utilização de gases químicos:

Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Com firmeza especial, condeno o uso de armas químicas. Existe o juízo de Deus e também o juízo da História sobre as nossas ações, e a estes ninguém pode se subtrair! O uso da violência nunca gera paz. Guerra chama guerra, violência chama violência! Com toda a minha força, peço aos envolvidos neste conflito que ouçam as suas consciências, que não se fechem em seus interesses, mas que vejam o próximo como seu irmão, que empreendam com coragem e decisão o caminho do encontro e das negociações, superando cegas contraposições. Exorto com igual firmeza a Comunidade Internacional a fazer todo esforço para promover e não protelar iniciativas claras pela paz, baseadas no diálogo, pelo bem de todo o povo sírio”.

Francisco pediu ainda que não se poupem esforços para garantir assistência humanitária aos afetados por este terrível conflito, especialmente aos desalojados no país e aos inúmeros refugiados nos países vizinhos. E que aos agentes humanitários seja assegurada a possibilidade de prestar a ajuda necessária.

O compromisso pela Paz proposto pelo Papa se estende a todos, pois “a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade”.

Repito em alta voz: não é a cultura do atrito, a cultura do conflito que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas a cultura do encontro, a cultura do diálogo: esta é a única via para a paz. Que o grito de paz se eleve e chegue aos corações de todos, para que deponham as armas e se deixem guiar pelo anseio de paz”.

“E nós, o que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia Papa João XXIII, todos têm o dever de recompor as relações de convivência na justiça e no amor”. E no espírito da “corrente de empenho pela paz para unir os homens e mulheres de boa vontade", marcou encontro:

Aqui, de 19h até meia-noite, vamos nos reunir em oração e em penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e ouvir palavras de esperança e de paz!”.

Papa Bergoglio terminou com uma oração a Maria, para que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. E pediu às Igrejas particulares que promovam iniciativas semelhantes de reflexão, oração e sensibilização para a situação na Síria.
(CM)

Setembro - Mês da Biblia

O lema: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido” (Lc 15).
O Evangelho segundo Lucas sob o prisma do discipulado-missionário, conforme o
 enfoque do Projeto de Evangelização: O Brasil na missão Continental, é o tema do mês da Bíblia de 2013.
 O tema escolhido releva o Evangelho do Ano Litúrgico C, e os cinco aspectos fundamentais do
 processo do discipulado: o encontro com Jesus Cristo, a conversão, o seguimento, a comunhão fraterna
 e a missão propriamente dita.
O lema indicado pela Comissão Bíblico-Catequética da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB)
 é: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido” (Lc 15).

Quem é o autor?
Desde o século II a obra foi considerada de Lucas. Muitos comentaristas atribuem à profissão 
de médico (cf. Cl 4,14) e o identificam com o discípulo e colaborador de Paulo (cf. Fm 23ss, 2Tm 4,11).
 Porém, essa relação entre Paulo e Lucas, vem sendo questionada, visto que há muitas diferenças entre
 a Teologia de Paulo e de Lucas.
Baseado na falta de consenso dos estudiosos em determinar quem é o autor do terceiro evangelho,
 deduz-se pelo texto que o autor, provavelmente, é um cristão proveniente do paganismo e de origem grega.
O autor é influenciado pelo estilo dos historiadores (Lc 2,1-2) e dos poetas gregos; utiliza a tradução 
grega da Bíblia e conhece bem o Império Romano.

Quando? Onde foi escrito? Com qual finalidade?
O Evangelho de Lucas provavelmente deve ter sido escrito entre os anos 80 a 90 e não há uma localização 
exata sobre onde foi escrito, mas a proposta apresentada pelos biblistas, seria entre as regiões da Grécia 
ou da Síria.
O evangelista dá prioridade aos cristãos provenientes do paganismo de cultura grega e aos judeus que
 moravam fora da Palestina (na diáspora).
No evangelho percebe-se que o redator final pertencia a uma comunidade mista cultural e
 economicamente e, passa por um período de crise. Portanto, o evangelho se dirige às
 comunidades que já receberam a primeira evangelização.
Diante da catástrofe que foi a guerra judaica (70 E.C.) e os conflitos internos e externos que 
transparecem no texto, provavelmente a finalidade do Evangelho segundo Lucas seria a de
 fortalecer a fé das comunidades e reforçar o seu papel na história da salvação e, assim,
 mantê-las corajosamente no seguimento a Jesus Cristo.

Estrutura do Evangelho Segundo Lucas
Existem várias formas de estruturar o Evangelho Segundo Lucas. A nossa proposta é de subdividi-lo
 em seis partes. A primeira parte é o prólogo, no qual o autor explica os motivos que o levaram a 
escrever o Evangelho, apresenta o método utilizado e o dedica a Teófilo (1,1-4).
Lc 1,5-4,15 corresponde à segunda parte, na qual contém a narração, em paralelo, do nascimento e 
da infância de João Batista e de Jesus. Bem como, a apresentação, pregação e encarceramento de
 João Batista, e os acontecimentos que precedem o ministério público de Jesus (batismo, sua
 genealogia e as tentações – Lc 3,1-4,13).
O autor relata, na terceira parte (Lc 4,14-9,50), o início do Ministério de Jesus na Galileia, marcado
 pela rejeição em Nazaré, as atividades em Cafarnaum e no lago; controvérsias com os fariseus, 
ensinamentos, milagres, parábolas e questões referentes à sua identidade. Essa parte 
conclui-se com a transfiguração.
Na quarta parte, encontra-se o Relato da viagem de Jesus a Jerusalém e a sua pedagogia para com
 seus discípulos e discípulas, apresentando as exigências no seguimento e os pontos fundamentais 
do Reino de Deus (9,51-19,27).
Em Lc 19,28-21,38, quinta parte, o autor narra o ministério de Jesus em Jerusalém com a entrada e 
atividade na área do Templo e o discurso escatológico.
Na sexta parte do Evangelho Segundo Lucas (22,1-24,53) encontram-se os relatos da paixão, morte,
 sepultamento (22,1-23,56a), das aparições do ressuscitado (23,56b-24,35) junto ao túmulo vazio e 
no caminho de Emaús (24,13-35); e finaliza com a ascensão ao céu (24, 36-53).

Linhas fundamentais da Teologia Lucana
Os pontos fundamentais da Teologia Lucana são os seguintes: Teologia da História, a Salvação,
 os títulos de Jesus Cristo, a importância de Jerusalém. Outras colunas fundamentais são: a
 ênfase na oração, o papel das mulheres no seguimento, a contraposição entre pobreza e
 riqueza, como uma das características da ética lucana e a presença forte do Espírito Santo.

Teologia da História
A teologia Lucana é marcada por uma ênfase na história da salvação, que é dividida em três períodos:
 1) o tempo da preparação, ou período da promessa, que seria  a história de Israel (AT), representado pelas personagens Zacarias, Isabel e João Batista;
 2) o tempo do cumprimento da promessa que é o tempo da vida de Jesus; e
 3) o tempo do anúncio, da Igreja, retratado no Livro dos Atos dos Apóstolos.
Uma peculiaridade na concepção histórico-salvífica de Lucas, é sua abertura universal. 
Portanto, a salvação atinge todo o tempo e todas as pessoas, a humanidade
 (cf. Lc 2,30-32; 3,6; 9,52-53; 10,33; 17,16). Com isso, nos aponta para outro ponto
 fundamental que é o tema da Salvação.

Salvação
Não podemos compreender a salvação como um “ir para o céu” após a nossa morte,
 mas a salvação acontece na história. Para a Teologia Lucana, salvação e libertação 
são termos equivalentes. Com isso, podemos dizer que a salvação contempla a totalidade da pessoa, 
em suas múltiplas relações, ou seja, é o restabelecer a justa relação com Deus, com os outros, 
consigo mesmo e com todo o Universo. Nesse sentido, Jesus é o nosso “Salvador” 
(Lc 2,11; cf. At 5,31; 13,23), pois é ele que nos mostra, com a sua encarnação, o sentido
 profundo da humanização das relações.

Jesus Cristo
Jesus Cristo, na Teologia Lucana, é apresentado como compassivo-misericordioso (cf. Lc 7,13; 10,33; 15,20) 
e como um profeta eleito por Deus, para levar a Boa Nova aos pobres (Lc 4,16-30; 7,36-50; 13,32-34). 
Ele também é o lugar por excelência da revelação de Deus (Lc 1,42). 
O título de Senhor está vinculado ao seu ministério público e é apresentado como o Messias enviado por
 Deus, para salvar o seu povo (Lc 1,47; 2,11.30-32).
Jesus, em Lucas, é caracterizado pelo acolhimento dos samaritanos, publicanos
 (Lc 5,27: Levi e Lc 19,2-10: Zaqueu), dos pecadores (Lc 7,36-50; Lc 15,11-32); da viúva (Lc 7,11-17), 
enfim dos marginalizados e excluídos da sociedade.

Cidade de Jerusalém
 Lucas dá à cidade de “Jerusalém” um grande destaque, pois é o único que começa e termina em
 Jerusalém (1,5-23; 24,53). Jesus também participa das festas no templo, em Jerusalém (2,22.42),
 e metade do evangelho narra a sua viagem e estadia nessa cidade (9,50-21,38). Portanto, Jerusalém
 é o ponto de chegada de Jesus para realizar a obra (Lc 17,11; Lc 19,28-38) e o ponto de partida para 
as comunidades que, após a ressurreição, continuarão a sua missão (Lc 24,52).

Oração
 A dimensão orante, em Lucas, está presente em toda a vida de Jesus, sobretudo, nos momentos 
mais importantes (Lc 1,10-11.13; 3,21; 5,16.33; 6,12; 9,18.28; 11,1.2-8; 18,9-14; 22,32.41; 23,46).
O autor não somente nos informa que Jesus reza, mas nos apresenta o conteúdo da sua oração
 (Lc 10,21-24; 22,42; 23,46), frisa o pedido dos discípulos (Lc 11,1) para ensiná-los a rezar e 
enfatiza a eficácia de ser perseverante na oração (Lc 18,1-8; 19,6-8; 21,36).

A ética Lucana
Outro ponto é a contraposição entre pobreza e riqueza, que é um dos aspectos centrais do seu
 programa ético. Diante dessa implicação ética da fé, Lucas reforça a dimensão do despojamento,
 como uma das principais exigências do seguimento a Jesus (Lc 5,11; 6,29-36; 9,58; 12,33-34; 14,33;
 18,22.25; 21,1-4) e sinal concreto de conversão. Consequentemente, sublinha a confiança
 incondicional na providência divina (12,29-30).
Em Lucas o termo “pobre” não é visto somente na perspectiva sócio-econômica, mas
 compreende também os presos, os oprimidos (Lc 4,18), os desolados, os aborrecidos e difamados, 
os perseguidos (Lc 6,20-22) e inclusive os mortos (Lc 7,22).

O Papel das mulheres
As mulheres têm uma presença e uma participação marcante no Evangelho Segundo Lucas. 
Desde o início, Lucas apresenta a estéril Isabel, recordando a história das matriarcas e nos aponta
 para a dimensão teológica, como aquela pessoa que está totalmente disponível ao dom 
de Deus e reforça a intervenção extraordinária do poder de Deus no útero feminino, lugar privilegiado 
da ação divina.
No útero dessa história, surge Maria, aquela que se dispõe a participar da história da salvação. 
É nela que começa a se manifestar o mistério do Deus encarnado.
Ela é o modelo do discípulo/ da discípula, pois acolhe Jesus, está presente no seu ministério (4,16-30),
 participa da sua dor e da sua rejeição durante a sua missão.
Além disso, Lucas apresenta outras mulheres, que seguem Jesus desde a Galileia (Lc 8,1-3), 
estão presentes na sua morte e são as primeiras testemunhas da Ressurreição (Lc 22,27 e 23,50-56).
 Também são narradas várias curas e encontros significativos, nos quais as mulheres são protagonistas. 

Espírito Santo e a Alegria
Lucas é o evangelista que dá maior importância à figura do Espírito Santo e a necessidade
 de uma abertura à sua ação. O Evangelho inicia apresentando a ação do Espírito, 
no nascimento de João Batista (Lc 1,15) e na encarnação de Jesus (1,41). Está presente em momento
s significativos do ministério público de Jesus (3,22; 4,1.14.18; 11,13) e é Ele que revela a presença 
de Deus na história (2,26). 
O último ponto é o tema da alegria. O autor reforça a certeza de que a verdadeira alegria nasce 
do seguimento de Jesus, do agir misericordioso, do desprendimento constante, do se deixar
 guiar pelo Espírito, da experiência profunda de que Jesus Cristo morto e ressuscitado é a
 Boa-Nova para toda a humanidade.