quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Jejum


Prática do Jejum
Todos podem fazer jejum. Sejam idosos ou estejam cansados ou doentes; sejam gestantes, mães que amamentam, jovens ou adultos. todos podem jejuar sem que isso lhe faça mal, mas, pelo contrário, lhes faça bem.
Muitas pessoas não jejuam porque não sabem fazê-lo. Imaginam que jejuar seja uma coisa muito difícil e dolorosa que elas não vão conseguir fazer.
Abordamos aqui o aspecto prático do jejum. Existem várias modalidades de jejum, trataremos, no entanto, somente de quatro tipos que poderão ser de grande proveito para Jejum da Igreja

Jejum da Igreja

Assim é chamado o tipo de jejum prescrito para toda a Igreja e que, por isso, é extremamente simples, podendo ser feito por qualquer pessoa.
Alguém poderia pensar que esse seja um jejum relaxado ou que nem seja realmente jejum, porque ele é muito fácil. Mas não é bem assim.
Esse modo de jejuar vem da Tradição da Igreja e pode ser praticado por todos sem exceção, sendo esse o motivo porque é prescrito a toda a Igreja.
O básico desse tipo de jejum é que você tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição – almoçar ou jantar -, a depender dos seus hábitos, de sua saúde e de seu trabalho. A outra refeição, a que você não vai fazer, será substituída por um lanche simples, de acordo com as suas necessidades.
Dessa maneira, por exemplo, se você escolher o almoço para fazer a refeição completa, no jantar faça um lanche que lhe dê condições de passar o resto da noite sem fome.
O conceito de jejum não exige que você passe fome. Em suas aparições em Medjurgorje, a própria Nossa Senhora o repetiu várias vezes. Jejuar é refrear a nossa gula e disciplinar o nosso comer.
O importante, e aí está a essência do jejum, é a disciplina, e é você não comer nada além dessas três refeições. O que interessa é cortar de vez o hábito de “beliscar”, de abrir a geladeira várias vezes ao dia para comer “uma coisinha”. Evitar completamente, nesse dia, as balas, os doces, os chocolates e os biscoitos. Deixar de lado os refrigerantes, as bebidas e os cafezinhos.
Para quem é disciplinado – e muitos de nós o somos -, isso é um jejum, e dos “bravos”! Nesse tipo de jejum, não se passa fome. Mas como “a gente” se disciplina; como refreia a gula! E é esta a finalidade do jejum.
Qualquer pessoa pode fazer esse tipo de jejum, mesmo os doentes, porque água e remédios não quebram jejum. Se for necessário leite para tomar os remédios, o jejum não é quebrado, pois a disciplina fica mantida. Para o doente e para o idoso, disciplina mesmo talvez seja tomar os remédios e tomar corretamente.

Jejum a Pão e Água

Nesse segundo tipo de jejum, deve-se comer pão quando se tem fome e beber água quando se tem sede. Apenas isso e nada mais. Não se trata de comer pão e beber água ao mesmo tempo. Pelo contrato: é preciso evitar isso. Nosso tipo de pão, quando comido com água, geralmente fermenta no estômago, provocando dor de cabeça.
É melhor ir comendo aos poucos durante todo o jejum. Você vai perceber que, nesse dia, o pão adquire um novo sabor. Também se deve beber água várias vezes no decorrer do dia. O organismo precisa de água. Por isso, tome água, mesmo que você não tenha sede.
O principal desse tipo de jejum é que você só coma pão e beba apenas água.

Jejum à Base de Líquidos

O terceiro tipo de jejum requer que você passe o dia sem comer nada, limitando-se a tomar líquidos. Ou seja, durante todo o seu dia de jejum, você se alimenta somente com líquidos. Essa é uma modalidade muito boa de jejum, que refreia a nossa gula e garante a nossa disciplina. Tratando-se de líquidos, temos uma grande variedade de opções e de combinações possíveis; todas elas nos mantêm alimentados e bem dispostos sem a quebra do jejum.
É recomendável passar o dia tomando chá. Existem vários tipos de chá, podendo-se escolher. Desde que seja quente e com um pouco de açúcar ou mel, o chá alimenta e mantém o estômago aquecido, o que é muito bom. Quem não puder usar açúcar nem mel, pode usar adoçante ou tomar chá puro; fazendo assim estará se privando da glicose, que é alimentícia, mas conservará as vantagens do chá e do calor. Mas, se preferir, você poderá tomá-lo frio ou gelado, especialmente no verão.
Laranjada, limonada e sucos de fruta também são indicados para esse dia. O mesmo acontece com os sucos de legumes, como cenoura e beterraba, e de verduras. Veja bem: tome suco, não vitamina. Combinando-se frutas, legumes e verduras, as possibilidades aumentam bastante. Os vários sucos, adoçados ou não com açúcar, mel ou adoçante, são sempre alimentícios, deixando o corpo leve para a oração e para as outras atividades intelectuais ou físicas.
Outra boa opção para esse tipo de jejum é a água de coco, que é completa, jé tendo tudo para nos manter hidratados e alimentados. Especialmente para quem tem a sorte de viver nos lugares onde há coqueiros, um jejum a base de água de coco é excelente. Não existe melhor hidratante. Qualquer pessoa, mas em especial os idosos e os doentes, pode fazer um jejum muito saudável à base de caldos. Tal como os sucos, os caldos também apresentam um grande variedade.
Observe, no entanto, que estou me referindo a caldos, e não a sopas e canjas, embora se possa fazer caldo de frango e até de carne. O que importa é que o caldo é líquido e tem como vantagens ser nutritivo e quente, além de conter sal.
Especialmente em dias frios, os caldos são uma ótima maneira de fazer jejum, pois com eles temos garantida a ingestão das calorias necessárias às nossas atividades, espirituais em particular.

O Jejum Completo

Nesse quarto tipo de jejum, não se come coisa alguma e só se bebe água.
É recomendável que, antes de experimentar essa forma de jejum, você já tenha feito o jejum a pão e água e o jejum à base de líquidos, que podem servir de treino. No jejum completo, é fundamental beber várias vezes ao dia. Não é bom fazer jejum a seco, isto é, sem tomar água, especialmente quando não se tem um bom treinamento. Mas é possível fazer jejum sem ingerir mesmo água? Sim, como eu já disse, é possível. Porém só as pessoas bem experientes devem tentar fazê-lo.
É fundamental ter em mente que não estamos nos submetendo a um teste de resistência.
Não precisamos provar nada a ninguém: nem a nós, nem ao Senhor. O objetivo do jejum é nos encontrar com Deus, favorecer a oração e nos disciplinar. Ele serve para nos abrir à Graça da contemplação, da intercessão a da Unção do Espírito Santo. Como dissemos acima, nosso organismo precisa de água. Ele necessita estar bem hidratado para agir e reagir no campo espiritual. E como o nosso jejum se destina a combatentes que batalham por Deus na dimensão espiritual, tome água várias vezes ao dia quando praticar o jejum completo. Quanto a hora de terminar o jejum, principalmente o jejum completo, Nossa Senhora de Medjugorje fala em encerrá-lo às quatro da tarde. Você pode terminá-lo às cinco, às seis ou às oito horas da noite. O importante é ser comedido e agir com sabedoria.
Nossa intenção não é bancar os heróis.
Repito: não temos de provar nada a ninguém, nem a nós e nem mesmo ao Senhor.

Observações Finais

Um erro muito comum que as pessoas cometem consiste em fazer um dia de jejum sem tomar café da manhã. Agindo assim, elas na verdade começam a jejuar a partir da última refeição que fizeram, na véspera, e não pela manhã.
Essas pessoas mal-informadas acabam ficando com dor de cabeça, que em geral; começa bem cedo. Ora, dor de cabeça não é o objetivo do jejum. Além disso, trata-se de uma coisa que deixa a pessoa indisposta o resto do dia, que a torna irritadiça e sempre pronta a perder a paciência. E isso é totalmente oposto ao que se espera conseguir jejuando.
É bom que você tome tranqüilamente seu café da manhã, como se faz todos os dias, e, a partir daí, inicie o jejum. Agindo dessa maneira, você fica livre dos ácidos do estômago, da dor de cabeça, da irritabilidade e da indisposição. E isso custa muito pouco: basta tomar café da manhã como nos outros dias.
Se você não quer mesmo comer nada, ou é daqueles que não fazem uma refeição pela manhã, ao menos beba alguma coisa, de preferência quente. Isso vai fazer bem ao seu aparelho digestivo, preparando-o para o dia de jejum.
O jejum é uma riqueza que precisamos reconquistar. É uma forte expressão da comunidade que decidiu fazer uma conversão, começar uma vida nova.
Você provavelmente é uma das muitas pessoas que não conheciam o que acabei de apresentar e que por esse motivo não jejuava. Agora, com uma nova compreensão do jejum, comece a praticá-lo, pois isso seguramente trará benefícios a você e ao Corpo de Cristo.
Deus abençoe o seu jejum!
Essa matéria foi tirada do livro “Práticas de Jejum” escrito pelo Pe. Jonas Abib!!!

Maria e a Renovação Carismática


Maria, a Primeira Carismática


O Espírito Santo, como pessoa divina que é, sempre esteve presente em toda a história da salvação. Numa coisa, porém, difere a ação carismática e profética do Espírito na Igreja, se comparada a Seu operar no Antigo Testamento. Ali, sua manifestação era reservada a alguns poucos indivíduos – geralmente reis, profetas, juízes e sacerdotes. E, mesmo para esses poucos privilegiados, só em algumas ocasiões da vida e em vista de tarefas específicas pretendidas pelo próprio Deus.
A promessa, porém, era de que, para os tempos messiânicos, Ele seria "derramado sobre todas as pessoas" (Ez 36, 25-27; Jl 3,1-5) e para ficar "eternamente" (Jo 14-16) com elas. Antes porém do Pentecostes histórico, "o Espírito não podia ser dado, porque Jesus não tinha sido glorificado"(Jo 7,39). A condição para a vinda do Consolador era a morte de Jesus (Jo 16,7; Lc 24,26) e Sua ressurreição.
Segundo a teologia de antiga tradição patrística, uma das barreiras que impediam o Espírito de vir habitar-nos de modo pleno e constante era a nossa natureza marcada de modo sensível pelo pecado... E que dizer de alguém que, desde sua concepção, fora privilegiadamente isenta não somente do pecado original, mas igualmente de todo e qualquer pecado de ordem moral? Se Maria, por atenção a Cristo, seu futuro Filho, fora previamente redimida por Deus, por que não pensar nela também como a primeira a ser agraciada com a plenitude permanente do Espírito da promessa?
Aos marcados pela separação gerada pelo orgulho e pela desobediência, só restava mesmo esperar pela glorificação de Jesus, que nos traria a remissão dos pecados. Afinal, o Espírito Santo é espírito e nós somos carne; acrescente-se a esta dificuldade o fato de que Ele é Santo e nós, até então, eramos, irremediavelmente, 'escravos do pecado'.
Mas nada precisava impedir que Aquela que fora brindada com uma imaculada concepção, recebesse o Espírito, não de modo imanente e difuso, como o resto da Humanidade, mas de maneira pessoal, plena e permanente. Afinal, Jesus seria criado em seu ventre por ação pessoal do Espírito e por Seu poder: "Concebido por obra do Espírito Santo" (Mt 1,18-20; Lc 1,35).
Em Lucas 1,28, o Anjo (antes mesmo de seu "sim") já encontrara Maria "gratia plena", repleta de graça. Com certeza ao operar nela o milagre de sua imaculada conceição, o Espírito também já instalara no coração de Maria o Seu próprio ninho, como que para ir-se ambientando com o coração humano – Sua futura morada -, "humanizando-se" em sua carne de futura mãe do Redentor...
Como anunciaram as Escrituras do Antigo Testamento, os tempos messiânicos – tempos em que salvação de Javé deveria se manifestar em plenitude – seriam marcados por três grandes e principais acontecimentos: a Encarnação do Verbo que, assumindo nossa natureza humana, iria transpor o abismo que nos distanciava do Pai; a Paixão e a Morte de Jesus, pelo que a ofensa feita a Deus pelos homens seria redimida e a morte eterna esmagada pela vitória da ressurreição do Senhor; e o envio – e a vinda – do Espírito Santo, que nos seria dado como "penhor de nossa herança" eterna (Ef 1,14), a fim de que pudéssemos compreender e aceitar, pela fé, o testemunho do Filho de Deus, chegando assim à salvação...
Essas grandes promessas para os tempos messiânicos (a vinda do Salvador, sua morte e ressurreição, e o derramamento do Espírito) se misturam, se dependem, se completam, confirmando o início da era da graça, do irrompimento da salvação, do Reino de Deus entre os homens... E somente a uma única pessoa foi dada a graça de viver esses acontecimentos, não só como expectadora, mas como participante de todo o processo: Maria! Ei-la, única e necessariamente, na Encarnação do Verbo, oferecendo-se como campo material à habitação do Espírito, onde Ele, em virtude de Sua própria presença dinâmica, faz surgir o Messias... Ei-la também aos pés da cruz, deixando-se transpassar pela espada profética do sofrimento (Lc 2,35a) e aceitando, agora, ser a Mãe de Cristo em Seu novo Corpo Místico, a Igreja... E ei-la novamente – mãe assumida – com a Igreja nascente, em Pentecostes, a sperar pela repleção que, magnífica e exclusivamente, Ela já receberá antes de todos... Por isso, com razão a chamamos "Mãe de Cristo" e "Mãe da Igreja", parceira única da Trindade...
Nestes tempos em que, em meio às festividades marianas, a liturgia católica também nos predispõe para a festa da vinda do Espírito em Pentecostes, acredito ser útil voltarmos nosso olhar para a "cheia de graça" e, assim, aprendermos d’Ela como se prepara o coração e a alma para acolher, de uma forma sempre nova, dinâmica e progressiva, o dom maravilhoso da repleção do Espírito. Pois "quem quiser ter o Espírito Santo, que se una a Maria", exortava há muito tempo São Francisco de Sales. Sábia exortação, pois nenhuma criatura foi, como Maria, tão prodigiosamente agraciada com a presença do Espírito em sua vida.
Diz o Vaticano II que, "em Pentecostes, Maria estava a pedir o dom que já recebera na Anunciação" (LG 59). Também nós, que já recebemos o dom do Espírito por ocasião do nosso batismo sacramental, podemos agora, unidos à intercessão de Maria, esperar, em Pentecostes, por uma renovada efusão da Água Viva, prometida aos "que tiverem sede" (Jo 7,37). Pois antes de se oferecer ao Cristo glorificado como dom do Pai (At 2,33), a ser dado aos que crêem, o Espírito deu-se a Maria – a primeira carismática! - para que, pela deimaternidade, Ela pudesse nos oferecer o próprio Cristo. Que nos dá o Espírito...
Como não amar Maria? Como não ter admiração por esta "filha predileta do Pai, esposa castíssima do Espírito e mãe amorosa do Filho"? Como não buscar sua maternal companhia na espera (e na busca!) do dom do Espírito? Olhemos para a Mãe: Ela é, antes de tudo, sinal do Espírito; ou, no dizer do Vaticano II, Ela é o "sacrário do Espírito Santo" (LG 53). Por isso, podemos – confiados em sua maternal intercessão – juntarmo-nos a João Paulo II em oração, dizendo: "Tu que estivesse no Cenáculo com os Apóstolos em oração, à espera da vinda do Espírito de Pentecostes, invoca a Sua renovada efusão sobre todos os fiéis leigos, homens e mulheres, para que correspondam plenamente à sua vocação e missão, como ramos da "verdadeira videira", chamados a dar "muito fruto" para a "vida do mundo". (Christifideles Laici, oração de conclusão).
Com Maria, a presença do Espírito está garantida, a efusão é sempre renovada e a benção é certa. Aleluia!
Por Reinaldo Beserra dos Reis